O POVO XAKRIABÁ, maior etnia de Minas Gerais, cansado de esperar a FUNAI e demais órgãos responsáveis, iniciou processo de retomada de seu território no dia 1º de setembro. Desde 2007, relatórios antropológicos e fundiários da área reivindicada foram concluídos. Falta vontade política! Enquanto isso, ruralistas incitam preconceito e ameaçam o Povo Indígena. O clima é de tensão.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
domingo, 22 de setembro de 2013
CLIMA TENSO: Juiz Federal defere liminar de reintegração de
posse e ruralistas realizam ato contra FUNAI e Povo Xakriabá
Apesar da insistência para que fosse realizada
audiência de justificação e das alegações do MPF e da FUNAI que levaram para os
autos elementos comprobatórios de que a Fazenda São Judas encontra-se inserida
no território Tradicional do Povo Xakriabá cujo processo de demarcação já se
encontra bastante avançado, o Juiz Federal da 2ª Vara da Subseção Judiciária de
Montes Claros, Dr. Alexandre Ferreira Infante Vieira deferiu novamente a
liminar em favor dos invasores brancos e pela desocupação da área retomada.
Ontem(21) a associação dos fazendeiros
realizarão um manifesto na cidade de Itacarambi contra a demarcação das áreas
reivindicadas pelo povo Xakriabá. Esta ação está sendo articulada com a
participação de políticos e tememos pelo desfecho. Penso que é preciso agirmos
com urgência a fim de preservarmos a integridade física dos índios Xakriabá.
O clima está tenso, muito tenso. Da forma que os
índios Xakriabá estão sendo expostos no município de Itacarambi e região, penso
que todos serão caçados como se fossem animais. Grande parte da população de
Itacarambi está se armando, são grandes os riscos e precisamos com urgência
mobilizar os órgãos competentes, parceiros e aliados a fim de evitarmos uma
tragédia.
Cimi Leste II
sábado, 21 de setembro de 2013
Um pouco da história do Povo Xakriabá
Como todos os povos indígenas do Brasil sua história passa a ser contada a partir da origem de seu nome. E com o povo Xakriabá não é diferente. É definido pelo Handbook of Soth American Indians [1] como filiados ao trônco lingüístico jê, e subdivisão Akwên originários da parte meridional das terras entre o Rio São Francisco e o rio Tocantins.
De acordo DarcY Ribeiro e Benedito Presia, o povo Xakriabá está relacionado aos grupos indígenas, Xavante e ao Xerente, ocupando a bacia do Tocantins, desde o sul de Goiás até o Maranhão, estendendo-se do Rio São Francisco ao Araguaia.
O Povo Xakriabá habita a região do Médio São Francisco no município de São João das Missões, norte de Minas Gerais, desde meados do século VXII, no qual encontramos registro dos primeiros contatos entre colonizadores e índios nesta região.
Relatos desTe período nos mostraM fatos em que o bandeirante paulista Matias Cardoso de Almeida, um dos mais famosos caudilhos da época, juntamente com seu filho Januário Cardoso, seu primo Manoel Francisco de Toledo, e o seu cunhado, o paulista Gonçalves Figueira, numa expedição legal, composta de 57 homens conforme vinha enunciada na patente de Capitão –Mor, concedia a Matias Cardoso de Almeida a conquista de nações gentílicas e bravas, “praia” de indígenas e quilombos, tendo cumprido as determinações “mestre-de-Campo” e governador absoluto da guerra dos “bárbaros” passou a dedicar-se a debelar aldeia indígenas, ao longo do rio São Francisco.
Já nomeado “administrador das Aldeias”, foi informado por um de seus descendentes, que “encontraram um grande número de indígena na embocadura de um tributário do rio São Francisco”. Montaram acampamento na ilha do Capão e ficaram alguns dias a espreitar, de onde avistaram um grupo de índios na foz do rio Itacarambi.. Saíram em perseguição aos nativos, e no dia 24 de junho de 1.695, surpreenderam a tribo dos Shariabás (...), aldeados as margens do Itacarambi, a uma distancia de duas léguas e meia da desembocadura do rio. Fizeram-lhe a principio guerra e, em seguida, porém, trataram com eles e firmaram pazes [3].
Já instalado em terras indígenas Matias Cardoso de Almeida foi o propulsor dos conflitos pela disputa da terra, já que o bandeirante se intitulou dono da área que os Xakriabá ocupavam. Negros fugitivos das minas também eram acolhidos pelos índios, através de alianças para enfrentar a fúria dos colonizadores.
Com a ameaça dos Cayapó na região do Brejo do Salgado, atualmente a cidade de Januária, os Xakriabá fizeram um pacto com Januário Cardoso, filho de Matias Cardoso, contribuindo assim na luta pela expulsão dos Cayapó Meridional da região. Em troca, ganharam uma doação de terras, que se estendia das margens do Rio Itacarambi até o Rio Peruaçú, registrado em cartório de Januária e Ouro Preto (vide anexo documento de doação).
Por um período, os Xakriabá viveram relativa tranqüilidade em suas terras, apesar da imposição religiosa e cultural. Lentamente as suas terras foram sendo ocupadas por fazendeiros, que não aceitavam a sua existência enquanto povo indígena.
Comunicado do Povo Xakriabá as autoridades e pedido de providências
Território Xakriabá, São João das Missões MG, 02 de
Setembro 2013.
Nós, Caciques, lideranças e povo Xakriabá viemos
através deste comunicar as nossas reivindicações no que se refere ao processo
de demarcação das áreas reivindicadas pelo nosso povo.
Neste domingo (01), definimos pela retomada de
mais uma parcela do nosso território. A área que retomamos é a Fazenda São
Judas Tadeu, composta por 6.000 (seis
mil hectares) no Município de Itacarambí, Norte de Minas Gerais.
A Fundação Nacional do Índio – FUNAI iniciou os
estudos de identificação dessas áreas como parte integrante do nosso Território
no ano de 2007. Desde então, o acirramento dos conflitos vem aumentando
constantemente na região. Fazendeiros têm feito constantes ameaças as nossas
lideranças indígenas.
O estudo antropológico de identificação realizado
pela FUNAI, juntamente com o levantamento fundiário das áreas reivindicadas já foi
concluído, no entanto os procedimentos de publicação e demarcação ainda não
foram efetuados.
Vivemos em constante tensão, mas infelizmente não
dispomos de alternativas a não ser lutar para garantir que os nossos direitos
sejam efetivados. A morosidade dos órgãos competentes em resolver os nossos problemas
territorial tem nos colocado constantemente a mercê da violência e fúria de
fazendeiros e do próprio Estado Brasileiro.
Não queremos violência, o que solicitamos é uma
intervenção do Estado de Minas Gerais e Governo Federal no sentido de reparar
os danos históricos causados ao nosso povo, agindo em favor dos nossos direitos
e cumprindo o seu papel de acordo com o que está estabelecido na constituição
Federal artigo 231 e 232 e acordos internacionais, a exemplo da convenção 169 a
qual o Brasil é signatário.
Diante do exposto, informamos que estamos correndo
riscos de vida e pedimos as seguintes providencias.
Presidente da Fundação
Nacional do Índio - FUNAI
Demarcação
nas áreas reivindicadas pelo nosso povo
Audiência
com a presidência da Fundação Nacional do Índio
Audiência
com a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais
Audiência
com o Ministério Público Federal de Montes Claros
Audiência
com a sexta Camara Federal
Audiência
com a Secretaria Especial de Saúde Indígena em Brasília DF
Junto a Prefeitura Municipal de Itacarambí e São
João das Missões MG
Atendimento
de saúde as famílias na área retomada
Fornecimento
de água potável para as famílias na área de retomada
Junto a Coordenação Regional FUNAI Governador
Valadares
Medidas
de segurança ao povo xakriabá e famílias residentes nas áreas de retomadas
Fornecimento
de alimentação as famílias nas áreas de retomada
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